Um Homem Sério (Joel & Ethan Coen, 09)

Os Irmãos Coen estão numa fase muito interessante. Seus três últimos filmes retratam o homem comum num mundo que foge ao seu controle em trajetórias que os sugam e não há mais volta.

Há neles um pessimismo muito fino, pois não é nem banal nem ressentido. É uma descrença profunda na felicidade eterna e uma negação da metafísica como explicação do mundo. Nada de karma, compensação religiosa, culpa cristã. As coisas simplesmente acontecem porque acontecem, sem motivo aparente, sem explicação paupável. As explicações estão além da nossa vã filosofia.

Assim era o Anton Chigurh de Onde os fracos não tem vez e as situações absurdas de Queime depois de ler.

Assim também Um Homem Sério, a trajetória de um homem que nunca fez nada para ninguém e passa agora por uma fase onde tudo dá errado em sua vida. Ele se volta para a religião (judaica, no caso), mas esta nada pode fazer por ele.

Os Coen tiram sarro da religião, do casamento, dos advogados, do mundo acadêmico, da matemática, da física e da metafísica. Nada foge do humor ferino deles. Nada pode explicar esse mundo que se choca contra a vontade de vida das pessoas.

O principal é que os diretores não tem medo de ir o mais longe possível no humor e em como o protagonista pode se ferrar cada vez mais. A direção segura faz tudo parecer natural, na verdade a perfeição do filme está em como os Coen conseguem contar essa trajetória absurda com tamanha coerência.

O protagonista vai se dar mal ao longo do filme todo. E os espectadores vão rir até aparecer o crédito final. Aí nós acordamos.

1 comentário
  1. Anônimo disse:

    para de viajar é uma bosta

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