A TECNOLOGIA E OS EFEITOS
Hoje é possível ver duas abordagens da tecnologia e dos efeitos especiais, uma seguida da outra.
A primeira é mais infantil e inocente. Trata-se de Capitão Sky e o Mundo de Amanhã. O título é obscuro já que os efeitos especiais aqui funcionam para recriar um passado alternativo onde uma aventura fantástica é possível, com robôs, aviões ultramodernos para a época e artefatos científicos. A inocência está em achar que emular uma fórmula consagrada (o filme de aventura) se basta para fazer um grande filme. Com isso Capitão Sky parece um filme sem tempo, anacrônico em suas escolhas de encenação e roupagem. Então, ao que se refere o “mundo de amanhã” do título? Talvez a uma supervalorização da tecnologia frente ao humano, a perspectiva de não precisar sair de um estúdio para filmar o mundo e, talvez, trazer de volta um ator falecido para a tela (no caso deste filme, uma “ponta” de “Laurence Olivier”). Uma boa dose de especulação, sem dúvida.
Já Matrix é um filme maduro, cujo mote está em transformar a tecnologia em algo enigmático, com doa dose de encantamento, mas perigosa, deveras perigosa. O futuro é apocalíptico, o mundo é uma ilusão. As maravilhosas cenas de ação dão corpo a este filme que joga com a questão do real/fantástico e usa os efeitos especiais como forma de alcançar o fantástico no que é, supostamente, real – dualidade que não se repetiria no restante da franquia. Em Matrix, mais que uma ferramenta, os efeitos especiais discutem os fenômenos que se passam frente aos nossos olhos. Como acreditar naquilo que se vê? Pensando assim, não seria a matrix um cinematógrafo? Aqui a especulação dá lugar a exame fenomenológico.
Capitão Sky e o Mundo de Amanhã, dir. Kerry Conran (Warner – 21h00)
Matrix, dir. Andy & Larry Wachowski (Warner – 23h00)